Mais uma morte por negligência médica em Rio das Ostras.

                                                              Leo Rodrigues locutor da Rádio Energia 104.9 FM

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É repugnante, trazer a público mais uma denúncia desse atendimento porco, cruel, maléfico e maligno oferecido pelo Pronto-Socorro Municipal.

Quatro médicos carimbaram e assinaram o Boletim de Atendimento Médico do Pronto-Socorro

Como dizer a verdade sem promover o pânico, quando o caos foi tudo que nos restou? Como ocultar a realidade sem ser omisso e conivente com profissionais que desconhecem suas obrigações e o valor de uma vida?

Não é hora de calar, pessoas estão morrendo, vidas estão sendo reduzidas a nada, e nada irá calar o nosso grito!

Boletim de Atendimento Médico do PS

Na madrugada do dia 26 de junho, socorrido em casa pela Ambulância de Resgate, deu entrada no Pronto-Socorro Municipal às 00:30hs, Leonardo Araújo Rodrigues de Almeida, queixando-se de fortes dores abdominais, nas costas e dificuldade para respirar.

Embora sua mãe Rosimeri Araújo, tivesse alertado dos problemas cardíacos do filho, que no mês de maio após passar mal no trabalho ficou 3 dias internado na UDT (Unidade de Dor Torácica) do Pronto-Socorro, e encontrava-se em tratamento, por estar com o coração grande, Leonardo permaneceu na sala de recepção por uma hora, sendo atendido 01:34hs, pelo Médico Cardiologista Dr. Getulio Cabral, que ao constatar e declarar que a pressão arterial do paciente estava inaudível, ciente das duas passagens de Leonardo pelo pronto-socorro, sendo que a última havia ocorrido 3 dias antes, não pediu qualquer exame, apenas prescreveu 500ml de soro fisiológico 0,9% , 500mg de Hidrocortisona, e 5ml de soro com 15 gotas de Atrovent para inalação, encaminhando-o para a Unidade de Hidratação, onde somente às 02:45hs, foi ministrado o medicamento.

Detalhe da medicação

Rosimeri Araújo (mãe do paciente) e Priscila Silva (ex-companheira), permaneceram na unidade de atendimento por todo o tempo em que Leonardo agonizou e sofreu sem que qualquer exame fosse realizado pelos médicos de plantão.

Somente às 03:55hs da madrugada, quando a mãe do paciente já havia percorrido todo o Pronto-Socorro atrás de um médico, a pedido de uma enfermeira, a Dr. Maria Cristina Canes, se encaminhou até a Unidade de Hidratação, onde Leonardo se encontrava com dores ainda mais intensas e impossibilitado de movimentar-se devido a fraqueza e o cansaço que a falta de ar lhe causou.

A médica já chegou irritada mandando que Leonardo levantasse e fosse caminhando até sua sala, pois era gordo e não caberia na cadeira, recusando-se atendê-lo na Unidade de Hidratação. Em defesa do filho Rosimeri exigiu que o atendimento fosse feito no local onde ele estava, alegando que se o filho tivesse condições de andar estaria em casa e não em uma unidade de emergência.

Priscila relata que ao pedir a médica que fosse feito um exame de raio-x, pois além de cardíaco o coração do paciente estava grande, com ignorância e ironia a Dra respondeu: “Minha senhora, você acha que com ele daquele tamanho só o braço e a perna que vai estar grande? O fígado deve estar grande, o coração deve estar grande, ele tem que emagrecer”.

A médica saiu da sala sem fazer o pedido do raio-x e dizendo que já havia comunicado outra médica da UDT que faria a transferência do paciente.

Unidade de Dor Torácica Pronto Socorro Municipal

Quatro médicos carimbaram e assinaram o Boletim de Atendimento Médico do Pronto-Socorro: Dr. Getúlio Cabral, Dr. Maria Cristina Canes, Dr. Michel G. Dos Santos e Dr. Nilton Costa... Nenhum deles, absolutamente nenhum dos “profissionais” presentes, fez mais do que aumentar ou modificar algum medicamento para dor, sem prestar qualquer atendimento ou realizar um simples exame de raio-x, permitindo que um paciente cardíaco de apenas 29 anos em sofrimento agudo, permanecesse por 8 horas, em um Pronto-Socorro que não tem a oferecer um único cobertor ou lençol, para proteger seus pacientes do frio, já que não pode protegê-los dos médicos.

Somente pela manhã, às 08:12hs, o Cardiologista Dr. Getúlio Cabral, reapareceu para autorizar o raio-x, e foi no curto trajeto da sala onde se realizava o exame, para a sala de trauma, em que foi levado as pressas, que Leonardo  Araújo Rodrigues de Almeida, de apenas 29 anos, Locutor da Rádio local Energia FM 104.9, pai de 3 filhos menores, permaneceu por meia hora em uma tentativa inútil de ter sua vida salva por aquele que por negligencia, omissão, descaso, desumanidade, crueldade e desamor, deixou falecer.

Leonardo entrou em óbito às 09hs da manhã, com Parada Cárdio Respiratória, Insuficiência Respiratória Aguda e Insuficiência Cardíaca Congestiva.

Quatro médicos presentes no plantão e nada foi feito, 8 horas e meia esperando para morrer... Morrer diante dos olhos da mãe que lhe deu à vida, da mãe que dedicou 29 anos de sua própria vida, para viver a vida daquele que assistiu a vida esvanecer. Não era hora de Leonardo partir, haviam centenas de recursos, procedimentos e saídas, dentro de uma unidade criada para salvar a vida que insiste em tirar.

Não há consolo para essa mãe, nada será capaz de apagar de sua mente às 8 horas e meia em que impotente e agoniada viu seu filho sofrer, gemer de dor, implorar que fosse transferido, passar frio, não conseguir respirar...

Três tentativas de aferição de pressão arterial inaudíveis, nenhum pedido de exame, qualquer explicação. Nenhum médico preocupou-se com o sofrimento de Leonardo, nenhum médico sensibilizou-se com sua dor, nenhum médico presente naquele plantão, detinha qualquer conhecimento do valor de uma vida.  Leonardo Araújo, assim como Aghata Vitória, Marta dos Santos e tantas outras vítimas, são apenas números nas mentes malsãs desses que nos governam como se fossemos bichos, mas sob o teto da casa que cada um deles habitou, dentro dos corações que todos eles criaram raízes, os espaços vazios jamais serão preenchidos.

Matéria publicado no PO Jornal.

OLHA A IMPUNIDADE AI GENTE...